Cremação: Crenças e tradições
Cada vez mais a cremação deixa de ser um tabu e tem se tornado bastante presente na cultura brasileira e no dia a dia das famílias. No país, segundo dados do Sindicato dos Cemitérios e Crematórios Particulares do Brasil (Sincep), entre 7% e 8% dos mortos são cremados. Apesar do crescimento nos últimos anos, os números ainda são baixos se comparados com outros países, como China e Japão, por exemplo, que chegam a quase 100% dos corpos cremados, assim como a Colômbia que tem uma taxa de cremação de 75%.
Ainda, conforme o Sincep, em 2013, 32 crematórios estavam em funcionamento no Brasil, passando em 2017 para 132, representando crescimento de 312%. Diante do crescimento, o setor funerário é responsável pelo emprego direto de pelo menos 50 mil pessoas no país.
Origem
Em algumas sociedades, a cremação era considerada corriqueira e fazia parte do cotidiano da população, por se tratar de uma medida prática e higiênica. Apesar da aparência moderna, a cremação é uma tradição de quase 3 mil anos. No mundo ocidental, por volta do século 10 a.C., os gregos já queimavam em fogo aberto corpos de soldados mortos na guerra e enviavam as cinzas para a terra natal. No Japão, a cremação foi adotada com o advento do budismo, em 552 d.C., importado da China. Como em outras localidades, ela foi aceita primeiramente pela aristocracia e a seguir pelo povo.
Religião
Em função do Brasil ser um país majoritariamente católico, o primeiro crematório brasileiro surgiu em São Paulo, na década de 1970 e isso se deve porque em 1886 a Igreja Católica proibiu terminantemente a cremação de seus fiéis mortos. No entanto, o banimento foi relativizado em 1963, embora o enterro ainda fosse recomendado. Segundo um documento escrito pela Congregação para a Doutrina da Fé, o antigo Santo Ofício e assinado pelo papa Francisco, a proibição se destina a evitar qualquer “mal-entendido panteísta, naturalista ou niilista”.
O documento aprovado, Instrução Ad resurgendum cum Christo e que substitui um anterior de 1963, adverte que “não é permitida a dispersão das cinzas no ar, na terra, na água ou em qualquer outra forma, ou a transformação das cinzas em lembranças comemorativas, peças de joias ou outros artigos”. E o documento vai mais longe: No caso em que o falecido tinha sido submetido à cremação e ocorra a dispersão de suas cinzas na natureza por razões contrárias à fé cristã, seu funeral será negado. A Congregação para a Doutrina da Fé justifica a elaboração de um documento tão drástico como reação às novas práticas na sepultura e na cremação “contrárias à fé da Igreja”.
Para a Igreja, a conservação das cinzas em um lugar sagrado ajuda a reduzir o risco de afastar os mortos da oração. Além disso, evita-se a possibilidade de esquecimento, desrespeito e maus-tratos, especialmente depois da primeira geração, bem como práticas inconvenientes ou supersticiosas.
A Igreja Anglicana, por sua vez, recomenda a cremação desde 1944, uma reação ao enorme número de mortos na Segunda Guerra Mundial. Já a Igreja Ortodoxa proíbe massivamente a cremação. Por outro lado, para o budismo e para o hinduísmo, essa é uma prática obrigatória, para que a alma se purifique e liberte-se do corpo, visto que o fogo induz o sentimento de desapego do espírito, contribuindo para sua passagem ao novo mundo. O islamismo, o candomblé e o judaísmo não permitem a cremação, por acreditarem que o corpo deve retornar à terra.
O espiritismo solicita que se aguarde de dois a três dias para efetuar a cremação, que é o período suficiente para que o espírito se desvincular totalmente do corpo físico e desencarnar.
Por que optar pela cremação?
Especialistas no assunto apontam algumas vantagens ao optar pela cremação, entre elas: a economia na comparação com um sepultamento tradicional; a preocupação com o meio ambiente leva muitas famílias a optarem pela cremação; com o crescimento populacional, futuramente, será inviável ter espaço suficiente e o procedimento costuma ser mais prático.
Em Santa Maria, a empresa L. Formolo é responsável pela gestão do Cemitério Santa Rita de Cássia, no Bairro Camobi e conseguiu a Licença Prévia (LP) para a atividade de crematório no Município junto à Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam). O diretor comercial da L. Formolo, Mateus Formolo, afirma que o projeto prevê 1,2 mil m² de área construída. “Serão erguidas três capelas de alto padrão e uma sala para o forno. É um investimento de R$ 3 milhões para a obra, mais R$ 1,2 milhão para o equipamento, que será importado dos Estados Unidos, totalizando R$ 4,2 milhões. A capacidade do crematório será de cinco cremações por dia”.
De acordo com a Secretaria de Infraestrutura e Serviços, dados divulgados pelas funerárias de Santa Maria mostram que são encaminhadas a outras cidades cerca de 10 cremações por mês. No entendimento de Formolo, esses dados apontam que o serviço é de extrema necessidade para os santa-marienses. “Em busca do serviço, as famílias precisam fazer translados para outros crematórios. Uma cidade do porte de Santa Maria precisa de um crematório o quanto antes”, diz. Hoje, os translados são feitos para crematórios de Santa Rosa e Caxias do Sul. A L. Formolo espera que em até dois anos o crematório esteja operando.
Economia
Ao contrário do que muitos creem, a cremação não é uma escolha cara. Enquanto que para ser sepultado em um cemitério a família deve arcar com despesas como a compra do jazigo e as taxas de manutenção, na cremação não existem esses custos, a não ser que a família deseje manter as cinzas em um jazigo no cemitério. Além disso, é possível aderir a um plano funeral com cremação.
Meio ambiente
A crescente preocupação com o meio ambiente tem exigido dos negócios ações sustentáveis e a cremação tem entrado nas discussões, visto que a decomposição de um corpo pode contaminar os lençóis freáticos e deixar substâncias poluentes. Pelo contrário, a cremação é um processo limpo, com a vantagem de não ocupar espaço físico e evitar infecções. A dispersão de cinzas não contamina as águas e os gases emitidos não são poluentes, pois os resíduos são retidos por filtros de ar.
Modernidade
O crescimento populacional demanda medidas por parte de alguns setores e o funerário é um deles, pois em um determinado momento o sepultamento em cemitérios será inviável por falta de espaço. Sendo assim, a cremação se torna a opção mais moderna e racional.
A cremação costuma ser o método mais prático, pois a partir dele os familiares não precisam se preocupar com a retirada dos restos mortais dos jazigos após determinado período.
Pós-atos fúnebres
A lei brasileira impede que um corpo seja cremado antes de 24 horas a partir do falecimento. Passado esse prazo e após a cerimônia, o caixão é encaminhado ao forno crematório que pode acontecer horas ou dias depois. O corpo é cremado individualmente no forno crematório a 900 graus e o processo dura entre 1 hora e meia e 3 horas e após restam, entre as cinzas, fragmentos de ossos que serão processados em máquinas próprias e então misturados na urna entregue às famílias.
As famílias que decidem pela cremação, geralmente atendem a um pedido da pessoa falecida e essa decisão costuma incluir o destino das cinzas, portanto, é importante buscar informações prévias quanto às possibilidades ou impedimentos da prática.
Novas capelas
O Cemitério Ecumênico Municipal de Santa Maria terá cinco novas capelas mortuárias que já estão sendo construídas pelo Hospital de Caridade Astrogildo de Azevedo. Os serviços estão sendo executados pela BK Construções, empresa contratada pelo hospital, e terá um custo de R$ 1 milhão. A previsão é que até o fim de maio deste ano, parte das obras que competem ao Caridade, deve estar finalizada.
A De Marco Incorporações Imobiliárias, construtora de Erechim, fará um dos maiores investimentos imobiliários da cidade: serão erguidos 23 prédios com um aporte de R$ 122 milhões, no Bairro Camobi. À empresa caberá fazer a infraestrutura do entorno do Ecumênico como o cercamento do local, as calçadas, a construção de salas da parte administrativa, banheiros, estacionamento, esgoto pluvial, entre outros. De acordo com informações da construtora, os serviços devem iniciar até o primeiro trimestre de 2020, contando com uma contrapartida de R$ 490 mil da empresa.
As obras estão sendo possíveis devido a uma alteração no Plano Diretor, possibilitando ao Executivo municipal lançar mão de medidas compensatórias. Sendo assim, o poder público, o Caridade e a construtora estão juntas na construção das novas capelas. A Prefeitura, concluiu a obra de revitalização da Rua Samuel Kruschim, que fica nos fundos do Ecumênico. Foram realizados serviços de pavimentação asfáltica, de drenagem pluvial e de iluminação pública entre a Rua 1º de Maio e a Avenida Dois de Novembro. O investimento foi de aproximadamente de R$ 523 mil.
A terceira empresa que também tem feito melhorias no local é a construtora Casa Nova, de Santa Cruz do Sul. Em outubro de 2019 realizou reformas elétrica e hidráulica no local. A Casa Nova também será responsável por construir um muro nos fundos do Ecumênico, assim haverá divisão entre as capelas e o cemitério. As melhorias terão um aporte de R$ 238 mil e essa contrapartida se dá porque a Casa Nova fará um condomínio fechado, no Bairro Cerrito. O investimento é de R$ 4,7 milhões.
Os cemitérios em Santa Maria, são: Ecumênico Municipal, bairro Patronato; Parque Jardim Santa Rita de Cássia, em Camobi; Cemitério Municipal São José, no bairro São José; Campestre do Menino Deus, no Campestre do Menino Deus; Cemitério Municipal Jardim da Saudade, no bairro Caturrita; Pau a Pique, na BR 392; São Geraldo, no distrito de Pains; São Marcos, Estrada Municipal Norberto José Kipper e Cemitério Israelita, bairro Chácara das Flores.
Responses